Não é nada confortável a situação de três dos principais membros políticos do clã Sarney: a governadora Roseana Sarney, o Senador Edinho Lobão e o Ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, todos do PMDB. O avanço nas investigações da Operação Lava a Jato, a cada dia que passa, deixa claro que os três estão no centro dos esquemas de corrupção envolvendo empreiteiras e obras pública no país.
Na última segunda-feira (17), quando a Polícia Federal começou a ouvir os donos de empreiteiras presos durante a 7ª estapa da Operação Lava a Jato. O juiz da 13ª Vara Federal do Paraná, Sérgio Moro, que determinou as prisões, disse em sua sentença ter estranhado que Youssef, especialista em dólar e lavagem de dinheiro, ter sido chamado para “negociar precatórios com o governo estadual do Maranhão”. Moro cita como prova uma troca de e-mails entre o doleiro e o administrador da UTC/Constran, Walmir Pinheiro Santana, com cópia para o presidente da UTC/Constran, Ricardo Pessoa, o parabenizando pelo sucesso da negociação no Maranhão.
Já a Polícia Federal não tem dúvidas da participação efetiva da governadora Roseana Sarney e membros da cúpula do governo no esquema de interesses entre empreiteiras e obras públicas azeitadas com dinheiro público e corrupção de agentes públicos. Alguns donos de empreiteiras, presos na operação Lava a Jato, a exemplo do dono da Constran, tem feito depoimentos com conteúdos explosivos. Tão explosivos que Roseana pensa em voltar atrás na decisão de renunciar ao mandato no próximo dia 5 de dezembro. Sem mandato, Roseana perde o foro privilegiado e fica vulnerável a ações da polícia federal.
Situação delicada vive também o Ministro de Minas e Energia, Edson Lobão. Foragido das atividades do Ministério desde setembro, quando foi citado em depoimento de delação premiada do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, Lobão agora corre o risco de ver-se ainda mais enrolado, já que as atividades de investigação da Operação Lava a Jato devem se espraiar nas estatais do setor energético brasileiro. A PF está na mira de Itaipu, Furnas, Eletrobras e Eletrosul. A Eletrobras, aliás, tem perdido valor de mercado nas bolsas, desde que descobriu-se que as empreiteiras agiram também para corromper políticos com cargos em diretorias da estatal. O esquema já está sendo chamado de Eletrolão.
Já o filho do Ministro de Minas e Energia , Edinho Lobão Filho, é acusado de receber R$ 500 mil da empreiteira Andrade Guiterrez numa intermediação feita por Fernando Soares, o Fernando Baiano, tido como lobista das operações do PMDB com as empreiteiras acusadas de corromper políticos.
O depoimento de Fernando Baiano seria dado nesta quarta-feira (19) na Polícia Federal, mas foi adiado para a próxima sexta-feira (21). O doleiro poderá esclarecer em que circunstâncias negociou valores de propinas entre empreiteiras e políticos do PMDB, entre eles, Edinho Lobão.
A lista de presos da Polícia Federal na sexta-feira (14) trazia um nome revelador: “O Juízo Final”. A referência religiosa também está na epígrafe dos mandados de prisão, tirada do Eclesiastes da Bíblia:
“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Há um tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou.”
Ao que tudo indica, chegou o tempo da cúpula sarneysista acertar as contas com a Justiça.
Amém.
Por Ligia Teixeira
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